MISOPROSTOL: PROPRIEDADES GERAIS E USO CLÍNICO Flávia Paula Romoaldo da Silva1, Michelle Sousa Ramos¹, Anette Kelsei Partata2
O misoprostol é um análogo sintético da prostaglandina E1 que foi previamente
desenvolvido para tratamento e prevenção de úlcera gástrica. Posteriormente, foi descoberta
sua ação abortiva, chamada ocitócita, já que o medicamento estimula o útero induzindo a
contrações e o alargamento do colo uterino. O misoprostol é utilizado também no tratamento
e prevenção de hemorragias obstétricas. O estudo trata de uma revisão de literatura com
objetivo de estudar as propriedades farmacológicas do misoprostol, relacionar suas
indicações nos hospitais e apontar os riscos legais que decorrem da sua comercialização e
uso. O misoprostol se mostrou eficaz na obstetrícia para o preparo cervical e indução do
parto, e é considerado um método estável, seguro, eficaz e barato, podendo ser usado
isoladamente ou em associação com outros medicamentos. Este medicamento é escolhido
também para o aborto legal, porém, é utilizado de forma indevida para essa prática ilegal,
podendo causar sérios danos à saúde da mulher e ao bebê, resultando ou até mesmo
provocando a morte de ambos. É de responsabilidade do farmacêutico controlar o uso do
medicamento dentro do ambiente hospitalar, além de especificar possíveis reações adversas,
assim como as dosagens que são indicadas para cada caso. Palavras-Chave: Aborto. Indução do parto. Prostaglandina E.
Misoprostol is a synthetic analogue of prostaglandin E1 that was previously developed for
treatment and prevention of gastric ulcer. Its abortive action was discovered later, called
oxytocic, since the drug stimulates uterine contractions and inducing the enlargement of the
uterine cervix. Misoprostol is also used in the treatment and prevention of obstetrical
bleeding. The study is a literature review with the following objectives: to study the
pharmacological properties of misoprostol; relate their indications in hospitals, and point
out the legal risks arising from its sale and use. Misoprostol showed itself effective in
obstetrics for cervical ripening and induction of parturition, and is considered a stable
method, safe, effective and inexpensive; in addition it can be used alone or in combination
with other medicines. This medicine is also chosen for legal abortion, however, is used
improperly for this illegal practice, and can cause serious damage to the health of the woman
and the baby, resulting or even causing the death of both. It is the pharmacist responsibility
to control the use of the drug in a hospital setting, and specify possible adverse reactions, as
well as the dosages that are indicated for each case. Keywords: Abortion. Induction of labor. Prostaglandin E.
1 Farmacêutica graduada pela FAHESA/ITPAC - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. Av. Filadélfia, 568 – Setor
Oeste – Araguaína-TO – Email: flaviapaula_pa@hotmail.com. 2 Orientadora, Doutora. Docente da FAHESA / ITPAC. - Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. Av. Filadélfia, 568;
Setor Oeste; CEP: 77.816-540; Araguaína-TO. Email: anettepartata@hotmail.com. 1. INTRODUÇÃO
mais conhecimentos aos profissionais da saúde
O misoprostol é um análogo sintético de
sobre o uso do misoprostol para indução do parto
prostaglandina E1 efetivo no tratamento e
prevenção da úlcera gástrica que vem sendo
2. METODOLOGIA
particularmente para indução do trabalho de
Trata-se de uma revisão bibliográfica sobre
parto com objetivo de diminuir o número de
o misoprostol, realizada a partir de livros, artigos
científicos, manuais e protocolos clínicos
Brasil desde o final da década de 80 com o nome
comercial de Cytotec®, e posteriormente, seu uso
3. REVISÃO DE LITERATURA
foi contraindicado na gravidez, pois uma de suas
reações adversas é a capacidade de provocar
3.1. História
biológica do misoprostol é conhecida. Na década
baseados em evidências científicas, o misoprostol
de 80, foi introduzido no Brasil para prevenção de
veio ocupar um lugar de destaque entre as
gastrite e úlcera péptica em pacientes que faziam o
alternativas de métodos de preparo cervical e
uso de anti-inflamatórios não-hormonais (FILHO,
indução do parto, seja a termo ou não, embora só
deva ser aplicado em locais apropriados, com
profissionais e instalações adequadas para
Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (MS) o
garantir a segurança da execução e efetividade do
(Cytotec) que só foi lançado no mercado em 1986;
A indução do parto é indicada quando a
e a partir de 1988, foi comercializado pelo
continuidade da gravidez significa risco para a
laboratório Biolab (CORRÊA, 2012).
mãe e/ou para o feto, mas em muitas ocasiões o
colo uterino apresenta sem nenhuma dilatação e
descrição do uso do misoprostol na indução do
esvaecimento, dificultando o processo. Assim, o
parto com feto vivo (FILHO, 2009), sendo que a
preparo cervical prévio tem papel importante para
comercialização do produto sofreu várias
aumentar as chances de sucesso da intervenção.
interrupções e proibições temporárias. Isso
É de conhecimento dos profissionais, que o
resultou em uma diminuição de sua utilização na
primeira metade da década de 90, originando um
prejudicial à saúde. A mulher na gravidez deve
tomar um cuidado especial, pois todo e qualquer
fundamentalmente pelos balconistas de farmácias
medicamento pode causar algum dano para o
bebê, ou até mesmo causar abortos.
passou a ser dispensado mediante apresentação
ilegal, sendo liberada essa prática apenas em
de receita médica, com retenção da prescrição,
programas de aborto legal, porém, o misoprostol
exigência feita pelo MS, que o incluiu na lista C1.
não pode ser comercializado pelas farmácias.
Vigilância Sanitária (ANVISA), publica portaria
qualquer outro mecanismo para a interrupção da
gravidez indesejada é um crime, podendo levar a
estabelecimentos hospitalares deveriam ser
consequências desastrosas para a saúde da
mulher. Os profissionais da saúde têm o dever
ético de combater este tipo de prática, orientando
A partir de 1998, foram lançados no Brasil,
sempre que possível sobre os riscos.
comprimidos de 25mcg de misoprostol com uso
Diante do exposto, as autoras optaram pelo
vaginal, de indicação exclusiva para indução do
estudo deste fármaco, na intenção de promover
Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.6, n.4, Pub.3, Outubro 2013
laboratório desenvolveu exclusivamente para
rapidamente em 120 minutos, permanecendo em
específico sublingual, também de 25 mcg (FILHO,
3.2.2 Via de administração vaginal
específicas sobre o controle e uso de substâncias
efetiva que a via oral na indução do abortamento e
entorpecentes e psicotrópicas, onde o misoprostol
na indução do parto (SOUZA, 2010).
foi alinhado aos mesmos (CORRÊA, 2012).
Em função da concentração prolongada do
misoprostol no soro administrado por via vaginal,
medicamentos essenciais pela Organização
sugere-se que, nesta via, devam ser utilizados
Mundial da Saúde (OMS) em 2010, decisão que foi
intervalos mais longos entre as doses do que na
adotada também pelo Brasil, e foi inserido na
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais do
A variação na absorção pode ser devido às
Ministério da Saúde (RENAME/MS – 2010)
características individuais de cada mulher, do pH
vaginal ou da presença de hemorragias (SOUZA,
3.2 Farmacocinética
O misoprostol é um análogo metílico da
3.2.3 Via de administração sublingual
PGE1, que após administração oral é rapidamente
absorvido e é metabolizado resultando em um
ácido livre metabolicamente ativo. Deve-se
vaginais, proporcionando mais conforto para as
administrar de 3-4 vezes ao dia (KATZUNG,
pacientes. É um comprimido muito solúvel que
pode se dissolver em 20 minutos quando colocado
debaixo da língua. Esta via apresenta um curto
horas e é metabolizado no fígado, que durante a
tempo do pico de concentração, um maior pico de
primeira passagem resulta em ácido misoprostol,
concentração média e grande biodisponibilidade
um metabólito biologicamente ativo (PAGE, 2004).
em relação às outras vias. O início de ação e o pico
de concentração são rapidamente atingidos, sendo
atinge o pico plasmático em 60-90 minutos. Liga-
alcançados em 30 minutos, devido a sua absorção
se em cerca de 85% às proteínas plasmáticas. A
ocorrer pela mucosa sublingual, evitando a
meia-vida de eliminação é de 1,5 horas, sendo que
primeira passagem hepática (SOUZA, 2010).
posteriormente, é excretado aproximadamente
3.3 Farmacodinâmica
célula parietal, inibindo a secreção basal de ácido
gástrico, aumentando o fluxo sanguíneo da
mucosa e estimulando, também, a secreção de
por via oral é rápida, e este é completamente
absorvido no trato gastrintestinal. A presença de
alimentos interfere na absorção e reduz sua
decorre da competição deste com a PGE1 para o
absorção e sua concentração plasmática, o que
seu receptor. Promovendo assim dilatação das
pode diminuir os efeitos adversos (FUCHS, 2010).
regiões intraglandulares da lâmina própria;
vasodilatação dos canais vasculares; diminuição
metabolizado em sua forma ácida na primeira
da altura das células epiteliais superficiais; edema
passagem hepática (de-esterificação). Uma dose
marcado da mucosa e submucosa; e aumento da
única de 400 μg de misoprostol oral leva a um
quantidade da mucosa aderente (PINHO, 2009).
aumento rápido do nível plasmático, que alcança
o pico de concentração em 30 minutos e declina
monofosfato cíclico (cAMP). Isso ocorre quando o
medicamento se liga a um receptor de PG nas
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células parietais. Com a redução na produção de
uso estável, seguro, eficaz, barato e de fácil
cAMP, que é estimulada pela histamina, causa
administração na área obstétrica (CORRÊA, 2012;
inibição moderada da secreção ácida (KATZUNG,
obstetrícia e ginecologia são bem estabelecidas:
como a estimulação da secreção de eletrólitos e
aborto terapêutico; indução do parto/aborto com
líquidos intestinais, da motilidade intestinal e das
feto morto retido; indução do parto com feto vivo
contrações uterinas (KATZUNG, 2005).
É um agonista seletivo para os receptores
EP2 e EP3, embora possa apresentar ação de
3.5 Contraindicações
agonista, como de antagonista relativamente às
prostaglandinas endógenas (PINHO, 2009).
gravidez por produzir contrações uterinas
colocando o feto em risco, sobrepondo o benefício
sua ação nos receptores das células parietais do
que o medicamento poderia proporcionar à
estômago, modula uma variedade de processos
gestante. É contraindicado, também, em pacientes
inflamatórios e de reparação: previne a liberação
portadoras de cicatriz uterina, mesmo que seja em
de várias citoquinas, mediadores da inflamação,
como interleucina 1 (IL-1) e tromboxanos; ajuda
na manutenção da homeostasia; inibe a liberação
do fator de ativação plaquetária, fator de necrose
fetais e nascimento prematuro (PINHO, 2009).
tumoral (TNF) e histamina dos mastócitos; inibe a
adesão dos leucócitos e/ou modula diretamente a
úlceras, seu uso não foi aprovado para esse uso
expressão das moléculas de adesão (PINHO,
por apresentar mais efeitos colaterais se
comparado aos bloqueadores H2 ou aos inibidores
da bomba de prótons (GENNARO, 2004).
componentes na ação citoprotetora do fármaco
3.6 Reações Adversas
Na cérvice uterina, o aumento de PG atua
dor abdominal, em 10-20% dos pacientes, além de
sobre a matriz extracelular, com dissolução das
náuseas dose-dependentes (CÔRREA, 2012;
fibras colágenas, aumento do ácido hialurônico e
aumento do conteúdo de água da cérvice. Além
Uma das suas reações mais conhecidas é o
de provocar o relaxamento do músculo liso da
efeito abortivo, que apresenta efeitos adversos
cérvice e favorecer a sua dilatação, permite o
como hiperestimulção uterina, traduzida por
acréscimo do cálcio intracelular, promovendo
hipertonia e taquissistolia, podendo provocar
contração uterina eficaz e suave. Todos estes
esvaecimento e a dilatação cervical, concomitante
ao discreto aumento inicial da atividade da
3.7 Indução do Parto e do Aborto
procedimento que venha a estimular a contração
3.4 Indicações Clínicas
uterina em pacientes fora de trabalho de parto por
meio de métodos específicos. Em casos onde a
farmacêutico desenvolvido para tratamento e
gravidez possa representar risco para a mãe ou
para o feto e que esse risco sobreponha-se ao de
Posteriormente, foi descoberta sua ação abortiva,
sua interrupção, a indução do parto é uma
chamada ocitócita, ou seja, estimula o útero
alternativa viável. A indução do parto tem a
induzindo a contrações e o alargamento do colo
uterino. Ao longo do tempo, foi comprovado um
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Esse procedimento é indicado em casos de
síndrome hipertensiva, amniorrexe prematura,
contínua, demora de 3 a 5 minutos para atingir
corioamnionite, restrição do crescimento fetal,
resposta da musculatura uterina devido à rápida
aloimunização Rh, pós-datismo. Está contra-
metabolização por várias enzimas (ZUGAIB,
indicado em casos de gestação múltipla, placenta
prévia, macrossomia fetal, sofrimento fetal,
apresentações anômalas, malformações uterinas,
demanda muitas horas para produzir relaxamento
vício pélvico, infecção ativa por herpes genital,
do colo. Pode ser usada de forma isolada ou
sorologia positiva para HIV e carcinoma cervical
associada a outros fármacos ou métodos não-
parto podem causar complicações como provocar
3.7.2 Misoprostol vaginal versus prostaglandinas
um aborto incompleto, reter placenta, provocar
hemorragia, embolia e infecções (BEREK, 2008).
PGF2) apesar de eficazes, não são consideradas
práticas devido o alto custo. A dificuldade no
(FEBRASGO), como o próprio Ministério da
Saúde têm estimulado o uso do misoprostol nos
temperatura ambiente e sua administração
centros obstétricos de referência na dose de 25
intracervical difícil, limita de modo importante
mcg, com intervalos de seis em seis horas, em
gestações a termo com feto vivo, para indução do
3.7.3 Misoprostol vaginal versus cateter de Foley
O misoprostol é usado no 1º e 2º trimestre
O cateter de Foley é colocado próximo ao
da gravidez combinado com a mifepristona, um
orifício interno do colo uterino com o balão
bloqueador do receptor da progesterona. É
inflado, que promove a maturação cervical.
considerado um método eficaz, seguro e que na
Quando utilizada, o cateter de Foley reduz o risco
maioria das vezes não traz complicações
de hiperestimulação uterina se comparando com
casos em que foi administrada prostaglandina
Em alternativa, pode-se recorrer ao uso de
misoprostol apenas, mas este método é menos
Esse método, quando utilizado, demonstra
eficaz, mais demorado, mais doloroso e propício
menor frequência no início espontâneo do
ao desenvolvimento de efeitos secundários,
trabalho de parto no intervalo de 24 horas
especialmente gastrintestinais. Se houver falha no
procedimento, deve-se recorrer a um aborto
Entre suas vantagens pode-se citar a fácil
aplicação, simplicidade de estocagem, baixo custo,
mifepristona é mais eficaz do que utilizá-lo
remoção fácil. Além dessas vantagens, pode ser
isoladamente. O misoprostol pode ser útil também
utilizada em gestantes portadoras de cicatriz
em casos de aborto por aspiração favorecendo a
uterina segmentar, pois não atua no miométrio
dilatação do útero (CÔRREA, 2012).
Em relação às prostaglandinas, tem menor
sangramento intenso ou prolongado. Em alguns
efetividade na indução do parto, mesmo sendo
casos pode-se necessitar de uma curetagem
menor o risco de hiperestimulação uterina em
cirúrgica, que é determinada pelo tempo de
casos em que o misoprostol não está disponível,
3.7.1 Misoprostol vaginal versus ocitocina3.7.4 Misoprostol vaginal versus dinoprostone
método e o mais seguro para indução do trabalho
de parto, por isso o hormônio é o mais utilizado.
agente eficaz de amadurecimento do colo e
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indução do parto. Porém, é um produto caro,
3.8 Riscos Teratogênicos em Gestações Expostas
exige refrigeração, além de aumentar ainda mais o
ao Misoprostol
custo da internação, já que a gestante permanece
mais tempo no pré-parto. Sua administração é
clandestina pode falhar e esse evento ocorre em
endovaginal e para estimular a contração uterina
10% dos casos. A gestação, então, pode vir a não
deve ser associado à ocitocina (ZUGAIB, 2008;
ser interrompida e o feto ficar exposto a reações
adversas, que ainda não são bem conhecidas
recomenda a utilização do misoprostol por ser
As malformações congênitas nesses casos
mais eficaz no amadurecimento do colo e a
podem estar associadas à exposição intrauterina
frequência de síndrome de hiperestimulação
ao misoprostol, uma das principais é a Síndrome
Efeitos colaterais como febre, dor uterina,
vômito e diarréia são menores quando é utilizado
paralisia, de origem congênita, de dois pares de
nervos cranianos. Nessa síndrome, o indivíduo
apresenta manifestações clínicas como estrabismo
3.7.5 Misoprostol sublingual no pré-operatório
convergente e tem expressão facial pobre. Sinais e
sintomas são bastante variáveis. O acometimento
dos nervos faciais pode provocar disfonia,
misoprostol vem sendo adotada para diminuir o
alterações morfológicas da língua, disfagia e
número de exames vaginais, com a finalidade de
alteração do palato. Além destes defeitos, pode
proporcionar mais conforto para as pacientes e
apresentar redução transversa de membros
reduzir taxas de infecção materna e fetal. Estudos
apontam que a droga administrada por essa via
apresenta maior pico de concentração plasmática
associação do misoprostol com a SM, existe
controvérsia se esse medicamento é de fato
A via sublingual tem a mesma eficácia da
teratogênico, pois estudos médico-farmacêuticos
via vaginal, no entanto as pacientes preferem a via
indicam risco, porém não são cientificamente
devido ao fato de que, quando o aborto é
misoprostol de 800µg ou 600µg sublingual é
realizado de forma segura, não existe a seguir
seguro, efetivo e aceitável alternativa em casos de
embrião ou feto para que seja investigada a
teratogenicidade do misoprostol (CORRÊA, 2012).
A biodisponibilidade também é maior por
essa via de administração. Já o nível plasmático foi
3.9 ANVISA: Controle e Regulamentação
mantido por um maior período de tempo quando
a via vaginal foi utilizada (GATTÁS, 2012).
lançou a Norma Técnica de Prevenção e
Porém, quando administrado por essa via,
Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência
o misoprostol proporciona maior risco de efeito
Sexual contra Mulheres e Adolescentes para
adverso, que aumenta proporcionalmente em
reforçar a garantia do acesso ao aborto em caso de
relação à dose administrada (GATTÁS, 2012).
estupro, uma dentre as duas exceções penais
misoprostol sublingual no período pré-operatório
é segura e eficaz, pois atenua o sangramento
Atenção Humanizada ao Abortamento Inseguro.
materno e o efeito do tônus uterino (TAHAN,
Essa norma objetivou que mulheres em processo
de abortamento que buscarem serviços públicos
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discriminação ao tratarem complicações ligadas ao
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
(Rename) do MS, onde o misoprostol se encontra,
as recomendações da norma de 1999 no que diz
nas seguintes formas farmacêuticas e dosagens:
respeito à violência sexual: completa anamnese,
comprimido vaginal de 25 μg, 100 μg e 200 μg
transmissíveis (inclusive aids) e oferta de
contracepção de emergência. Em casos de
misoprostol é o mais adequado e recomendado na
violência sexual que resultam em gestação, as
forma de comprimidos vaginais 25 μg, 100 μg e
mulheres recebem informações sobre interrupção
200 μg para interrupção da gravidez, na indução
da gravidez, assistência pré-natal e entrega da
do parto com feto morto retido e em caso de
criança para adoção (CÔRREA, 2012).
aborto permitido por lei (CÔRREA, 2012).
inversão da trajetória de restrição ao uso do
misoprostol deve ser usado também em situações
misoprostol, na medida em que fica estabelecida,
cirúrgicas e pós-cirúrgicas, como por exemplo, em
pelo Ministério da Saúde, a indicação adequada e
cirurgia para retirada de útero, com a finalidade
racional do misoprostol para interrupção da
de reduzir perda sanguínea (CÔRREA, 2012).
gestação ou esvaziamento uterino (BRASIL, 2003).
O Ministério da Saúde, por intermédio da
A Resolução nº. 911 da Agência Nacional
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas, Área Técnica de
determinou a suspensão, em território nacional,
Saúde da Mulher, elaborou um protocolo para
de publicidade veiculada em fóruns de discussões,
utilização de misoprostol em obstetrícia, onde
murais de recados e sítios na Internet, dos
através deste orienta as ações em saúde de acordo
medicamentos Cytotec, Citotec e Prostokos
com o preconizado nas diretrizes e ações da
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Mulher. Este protocolo segue com legislação e
deste medicamento a fim de provocar aborto
regulamentações que facilitam a ação profissional
ilegal representa risco sanitário à população,
podendo trazer graves consequências à saúde da
protocolos para serviços (BRASIL, 2003).
gestante ou mesmo provocar sua morte, além da
De acordo com a Portaria MS/GM nº 1.044, de
possibilidade de recém-nascidos sobreviventes
5/5/2010, foi publicada no Diário Oficial da
desses episódios poderem hipoteticamente portar
União nº 85, Seção I – pág. 58, de 6/5/2010 e a
Resolução-RDC nº 13, de 26 de março de 2010,
que dispõe sobre a atualização do Anexo I,
misoprostol alegando que o mesmo não possui
Controle Especial, da Portaria MS/SUS nº 344,
registro para uso fora do contexto hospitalar,
de 12 de maio de 1998 e dá outras providências,
portanto, não necessita de publicidade e não por
é imperativa a necessidade de apresentação de
representar ameaça, à saúde de mulheres e fetos
um protocolo que auxilie as decisões e ações
clínicas, ginecológicas e obstétricas (BRASIL,
dispõe sobre o Regulamento Técnico para
O Protocolo para Utilização de Misoprostol
em Obstetrícia foi elaborado com uma linguagem
Obstétrica e Neonatal que regulariza a capacitação
técnica e é dirigido aos profissionais de saúde em
dos profissionais e que haja um padrão de
serviços especializados, a fim de facilitar os
funcionamento para os serviços necessários a fim
de garantir a humanização da atenção e gestão e a
agilidade com o intuito de beneficiar as mulheres
redução e controle de riscos aos usuários e ao
que necessitarem desse serviço de saúde (BRASIL,
Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.6, n.4, Pub.3, Outubro 2013
3.10 A Atuação do Farmacêutico na Dispensação
Com relação ao uso deste fármaco, deve-se
do Misoprostol
destacar a sua importância na indução do trabalho
Em função do quadro restritivo legal que
criminaliza o aborto voluntário, o acesso e,
hemorragias obstétricas, dentre outras. Sua
utilização no aborto legal deve ser destacada, pois
medicamentos é um grande desafio à saúde
nesses casos se mostrou eficaz, provocando o
aborto por completo e evitando assim intervenção
O hospital deve estar cadastrado no Centro
cirúrgica, o que mostra que quando utilizado de
de Vigilância Sanitária (CVS) para que possa
forma correta e com dosagem adequada, é um
adquirir e dispensar o Misoprostol. O controle
meio seguro e eficiente para a realização deste.
deve ser feito através de registro diário no livro de
controlados segundo a Portaria 344/98 (BRASIL,
riscos à vida das mulheres que fazem aborto
ilegal, ao utilizarem tal fármaco, produzido de
Dentro do hospital deve existir uma lista
forma clandestina e na ilegalidade, desconhe-
com o nome dos médicos que estão autorizados a
prescrever o misoprostol. É de responsabilidade
do farmacêutico verificar se o médico que
prescreveu o medicamento se encontra nessa lista
especificar possíveis reações adversas, dosagens,
quantos comprimidos dispensar e como dispensar
de acordo com a legislação vigente, já que se sabe
estar preenchidos, e o farmacêutico deve verificar
que o misoprostol é um medicamento bastante
a prescrição e dispensar somente a quantidade
visado devido suas propriedades abortivas, sendo
exata de acordo com dose/horário conforme o
muito utilizado de forma ilegal, o que justifica a
protocolo de uso do misoprostol, e esta deve vir
rigorosa fiscalização no que diz respeito à
acompanhada de requisição interna assinada e
carimbada. Se houver mudanças na posologia,
uma nova receita deve ser solicitada (BRASIL,
5. REFERÊNCIAS
ARCANJO, Francisco Carlos Nogueira; RIBEIRO,
Portaria CVS nº 8 de 12 de Junho de 2002. Esses
Alita Silva; TELES, Tarciano Granjeiro; MACENA,
mapas devem ser encaminhados mensalmente ao
CVS. Caso ocorram reações adversas, os mesmos
Francisco Herlânio Costa. Uso do misoprostol em
devem ser anexados ao mapa (BRASIL, 2002).
substituição à curetagem uterina em gestações
Todas as receitas devem ser arquivadas e deve
interrompidas precocemente. Revista Brasileira de
existir um controle de estoque diário rigoroso
Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, 33(4):
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-72
032011000600003&script=sci_arttext>
4. CONCLUSÃO
Após a realização deste estudo, pôde-se
concluir que o farmacêutico inserido no âmbito
hospitalar precisa estar ciente dos aspectos gerais
percursos, mediações e redes sociais para o acesso
que envolvem a utilização do misoprostol na
obstetrícia. Este medicamento foi utilizado no
ilegalidade no Estado de São Paulo. Ciência e
saúde coletiva, Campinas SP, 17(7): 1785-1794, jul.
gastroduodenais e, posteriormente, inserido na
2012. Disponível em: <http://bases.bireme.br
obstetrícia por suas inúmeras vantagens em
/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah
comparação a outras prostaglandinas, como por
/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nex
tAction=lnk&exprSearch=645576&indexSearch=I
Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.6, n.4, Pub.3, Outubro 2013
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BRASIL. Código de Ética da ANVISA. Ministério
Farmacologia ilustrada. 3º ed. Porto Alegre, RS:
da Saúde (MS). Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. RDC nº 141, 30/05/ 2003. Brasília: MS;
KATZUNG, Bertram G. Farmacologia: Básica &
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OLIVEIRA, Maria Virginia de Oliveira e; OBERST,
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AGUEMI, Adalberto; KENJ, Grecy; LEME, Vera
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Generics and Biosimilars Initiative JournalFor personal use only. Not to be reproduced without permission of the publisher (editorial@gabi-journal.net). Generic and therapeutic orphans There are a few examples of private, e.g. Gates and Clinton Foundations; and public-not-for-profit Novartis Coartem malaria ini-tiative; that target infectious diseases seenmainly in the developing world [5],
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