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OCORRÊNCIA DE HORMÔNIOS ESTROGÊNICOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO RICO, JABOTICABAL, SP
LOPES, L. G.1
Química com Atribuições Tecnológicas (FFCLRP – USP), Especialização em Engenharia do
Saneamento Básico (DECiv – UFSCar), Mestrado em Microbiologia (FCAV – UNESP),
Docente (IQ - UNESP), Mestrado e Doutorado em Química (IQ – USP).
Docente (FCAV – UNESP), Especialização, Mestrado e Doutorado em Saúde Pública
Graduanda em Ciências biológicas (FCAV – UNESP)
Biomédico (Faculdade Barão de Mauá), Especialização em Engenharia do Saneamento
INTRODUÇÃO
Um dos primeiros estudos correlacionando a presença de estrogênios naturalmente
excretados por humanos e efeitos ecotoxicológicos foi realizado na Inglaterra revelando que
peixes encontrados à jusante de pontos de lançamento de Estações de Tratamento de
Esgoto (ETEs) apresentaram alterações fisiológicas. Nesse caso, os peixes machos
produziam a proteína denominada vitelogenina, normalmente produzida por fêmeas sob a influência do hormônio estrogênico 17 β estradiol (FENT, 1996).
Muitas substâncias consideradas contaminantes de água atuam diretamente no
sistema endócrino. São exemplos dessas, os pesticidas como o metoxicloro e o DDT, e os
produtos de decomposição de surfactantes não-iônicos alquilfenóis polietoxilados (como o 4-
nonilfenol) (FENT, 1996; FOLMAR et al., 2002; VADJA, 2006).
Os pesticidas são legalmente reconhecidos como contaminantes no Brasil desde a
década de 1980. Com o advento dessas novas observações relacionadas à exposição de
organismos aquáticos ao esgoto, surge interesse a respeito de outras classes de
substâncias que começaram também a ser consideradas como contaminantes dos recursos
hídricos. Diante da necessidade de relativizar os efeitos tóxicos dos contaminantes clássicos
frente aos contaminantes reconhecidos mais recentemente, várias pesquisas vêm sendo
desenvolvidas para fornecer as respostas.
Estudos baseados na síntese de vitelogenina revelaram que a atividade estrogênica
do 4-nonilfenol é máxima quando atinge cerca de 16 µM. Essa concentração encontra-se de 104 a 106 acima da concentração a partir da qual o 17 β estradiol manifesta atividade
biológica (FENT, 1996). Essa informação demonstra a relevância dos hormônios
estrogênicos como contaminantes ambientais, pois os mesmos estão dispersos no ambiente
em concentrações cujo potencial estrogênico pode ser significativo. Com base no exposto, este trabalho teve o objetivo de determinar 17 β estradiol e estrona em água natural e
tratada do manancial superficial Córrego Rico do município de Jaboticabal, SP.
METODOLOGIA
Análise de hormônios estrogênicos em água: o preparo da amostra (adaptado de
TERNES et al. 1999) foi conduzido por extração em fase sólida em cartuchos contendo 500
mg de C18 (Accubond, Agilent-HP) pré-condicionados com 6 mL de hexano, 2 mL de
acetona, 6 mL de metanol seguido de 10 mL de água deionizada pH 3,0. Em seguida, foi
filtrado 1 L de amostra com passagem prévia por filtros GF/F para remoção de impurezas
que poderiam provocar a saturação do cartucho. Depois da filtração foi feito clen up do
cartucho com 10 mL de solução água:metanol (9:1, v/v) e secagem durante 1 hora com
auxílio de bomba de vácuo. A eluição dos analitos de interesse foi feita com 4 mL de
acetona. O extrato obtido foi evaporado à secura com fluxo de nitrogênio e ressuspendido com 600 µL de acetonitrila. A quantificação (adaptada de SNYDER et al., 1999) foi feita com injeção de 20 µL em cromatógrafo líquido com detector de fluorescência (Pro Star, Varian)
nas seguintes condições: fluxo de 1,0 mL min–1, eluição isocrática H2O/ACN 1:1 e duração
da corrida de 13 minutos. Para detecção, foram utilizados os comprimentos de onda de
excitação de 230 nm e de emissão de 306 nm. Para complementar a avaliação, as amostras
também submetidas às análises de pH (medição direta em pHmetro Orion modelo 310 A),
cor aparente (espectrofotômetro DR 2000 HACH, método colorimétrico, descrito por APHA,
1992), turbidez (turbidímetro 2100 P, HACH, método turbidimétrico, descrito por APHA,
1992) e Escherichia coli (método da membrana filtrante, descrito por APHA, 1992). Caracterização da área em estudo: a área de desenvolvimento deste projeto está
vinculada ao Comitê de Bacias do Rio Mogi Guaçu, constituindo-se em parte da bacia
hidrográfica do Córrego Rico (da nascente até o ponto de captação de água em Jaboticabal,
SP). Para análise e quantificação das amostras oriundas da Bacia Hidrográfica do Córrego
Rico foram feitas colheitas de amostras de água em quatro pontos distintos, tais como: 1) na
nascente (CR1), situada no município de Monte Alto; 2) após o deságüe dos afluentes que
drenam a área urbana do município de Monte Alto (CR2); 3) na captação de água para
tratamento e abastecimento (CR3), situada no município de Jaboticabal; e, na saída da
Estação de Tratamento de Água do Serviço Autônomo de água e Esgoto de Jaboticabal
(PT4), localizado no município de Jaboticabal.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos para as coletas do período de cheia (março, outubro e
novembro) e do período de seca (agosto e setembro) do ano de 2006 estão expressos na
Tabela 1 - Resultados de qualidade de água e concentração de estrona nas coletas efetuadas na
sub-bacia hidrográfica do Córrego Rico, em Jaboticabal e Monte Alto - SP.
LQ, limite de quantificação (0,6 µg L-1 para Estrona e 7,5 ng L-1 para 17 β estradiol). UFC, Unidade Formadora de Colônia.
– Não analisado. ND, não-detectado. uH, unidade Hazen. uT, unidade de turbidez.
Os resultados do estudo do sistema de abastecimento mostraram a presença de
estrogênios em 22% das amostras em concentração de 6,9 ng L-1 (água potável) a 30,6 ng L-1 (nascente) para 17 β estradiol, e de 0,6 µg L-1 para estrona (córrego). O ponto CR1 foi
afetado provavelmente por resíduos animais e o ponto CR2 por resíduos animais e por
lançamento de efluentes da estação de tratamento de esgoto de Monte Alto. O ponto CR3
pode ter sido influenciado por lançamentos de esgotos domésticos não-tratados de
As concentrações de 17 β estradiol e estrona encontradas no Córrego Rico
estiveram abaixo da concentração encontrada para o Rio Atibaia, em Campinas - SP, de 4.100 ng L-1 e 2,9 µg L-1, respectivamente (GHISELLI, 2004). No entanto, estão acima da
concentração mínima a apresentar efeito biológico de 10 ng L-1 (BAREL-COHEN et al.,
CONCLUSÕES
Nos pontos CR1 e CR2, os resíduos animais e os lançamentos da ETE de Monte
Alto foram as maiores fontes de aporte de hormônios para a água, e no ponto CR3, a maior
colaboração foi atribuída aos lançamentos de esgotos domésticos não-tratados das
Para os pontos CR1, CR3 e PT4, os hormônios foram quantificados em período de
seca (agosto e setembro/2006) e, para o ponto CR2, em período de chuva (março e
REFERÊNCIAS
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BAREL-COHEN, K.; SHORE, L. S.; SHEMESH, M.; WENZEL, A.; MUELLER, J.;
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